segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FAT GIRLS



Eu sou maior e não inferior.
Isso eu penso o tempo todo quando escuto piadinhas sobre as gordas e gordinhas, como se elas fossem um bicho diferente e pouco merecedoras de afetos e galanteios. Como se um corpo fora do convencional, do padrão estético pré estabelecido pela moda, fosse feio, estranho, amorfo e as meninas portadoras dessa deformidade fossem ets a serem excluídos.
Todos ou quase todos os homens já sentiram desejo por uma gordinha ou tiveram fortes emoções ao seu lado, mas escondem da sociedade com receio de serem banidos pela sua suposta má escolha.`
Passei parte da minha vida ouvindo piadas e sendo inferiorizada por isso. Em dado momento, antes que eu recebesse algum tipo de "bulling", eu já me colocava como a desinteressada em qualquer desejo de alcova e abria espaço para as magrelas e fazia os rapazes tirarem o peso de me rejeitarem. Isso durou até o processo final de minha adolescência, onde redescobri minha vaidade e passei a perceber minhas belezas e, o melhor, a ser reconhecida por elas.
O amor ajuda muito nesse processo, porque ele vê o belo da forma sublime e pouco efêmera. Ele ama, simplesmente.
Mas assumir sua forma diferente é um processo talvez semelhante a assumir sua sexualidade homossexual. Tem que ter coragem, ser rejeitado e ter que conviver com piadinhas sem graça.
Com o tempo a gente aprende que a beleza externa é tão efêmera que sucumbe fácil ao tempo. E não há nada mais belo que uma pessoa se amar e assumir suas condições, independente do que a sociedade insiste em perssuadir como errado.
Afinal, os cegos, os altos, o anão, os negros e tantas outras diferenças são ponto de referência na rua e apontados com errados e dignos de pena.
DIgo não ao menosprezo por qualquer exemplar da raça humana. DIgo não ao preconceito e as formas veladas de se ridicularizar alguém.
Dou espaço no meu coração para entender o que o outro tem de mais belo, aquela beleza que só salta aos olhos de quem vê sem pudor.
Enquanto a mim, gordinha ou magra, continuo sendo a mesma pessoa. E vou te dizer: eu me amo demais e sou gostada ao extremo e quem não gosta, tudo bem, posso não gostar de você também e ai reina a democracia.

domingo, 19 de dezembro de 2010

FORCA



Não tenha medo de mim, não se afaste de mim, não mordo, só se quiser e de leve que é para não machucar. A não ser que queira lembrar de alguma marca minha, então eu deixo os dentes ou riscos de unhas.
Vou onde me permitir ir, talvez sempre tentando ir além, mas estarei sempre no seu controle, para não ir longe demais e estragar tudo. Porque tenho essa mania de estragar quando a coisa está ficando perfeita. Parece que não aceito as coisas boas, que tenho pavor de conseguir o que desejo, então vou lá e chuto o que construí com tanto suor, só para chorar e sofrer.
Não vou chutar nada, vou esperar e seguir o caminho que aparecer para mim. Tenho calma agora, estou em paz. Quero você como nunca quis um homem, mas ainda assim sinto uma paz que nunca senti. Não pode ser inércia.
Eu estou sempre do seu lado, mesmo que não me veja. Talvez se respirar mais fundo possa sentir o meu cheiro e se fechar os olhos ouvirá minha voz sussurrando em seus ouvidos, que te amo mesmo quando erra.

Não me escape, não se afugente. Acalme-se.

Minha corda não apertará o seu pescoço. Minha prisão tem as portas abertas porque você sempre será livre para me escolher cada dia de sua vida ou optar por outros ventos.
No seu mundo tão colorido, falta-lhe algo além das danças, dos novos-mesmos sabores, da galhardia da eterna juventude, você não tem a mim, sua companheira de estrada, seu ouvido e sua palavra, o olhar que tudo diz, o gosto que é idêntico, os sonhos que são gêmeos, o afeto pulsante e ininterrupto.
Nenhuma bela perna, por mais bela que ela seja, tem o odor dos meus cabelos quando estão nas suas mãos, nem o sexo de encaixe que revigora nossa alma. Nenhuma mulher tão perfeita e bela tem o meu sorriso quando estou com você.

Sou seu lado que falta. Comigo seu mundo fica completo e não há dor maior que supere esse amor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

SORRATEIRA



Chegou dezembro, calor quase infernal, chuvas surpresas, peles já bronzeadas, muita água, hidratante e protetor solar, show na praia, filmes de sucesso, presentes de natal, correrias no shopping, abraços fraternos e nem tanto, amigo oculto, champanhe e peru, sonho de crianças, calcinha vermelha, melhores votos, correria, papel picado, 13o salário, emoção e solidão, férias...
Chega. Só volto ao planeta depois do carnaval, mas leva uma cerveja pra mim, por favor.

MEDO, MEDO



Eu sei, não tenho que ter medo, mas tenho.  Não é sempre, mas tem hora que não dá para controlar. Dá um aperto que me sufoca, tenho vontade de gritar. Sair correndo, largar tudo, abandonar o barco, esquecer.
É difícil superar o medo sozinha, com você a distancia me dando mais material para o pânico. Às vezes me dá a mão mas é sem compromisso.
Fico sozinha, estatelada e sem reação. Não sei bem o que fazer nesses momentos de evasão.
Eu só queria seu colo, mas tenho medo de perde-lo, então ele me escapa.

domingo, 28 de novembro de 2010

TE DECLARO MEU AMOR



De alguma forma você está dentro de mim. Não sinto sua falta porque você jamais se ausenta. Está sempre lá, compreendendo até o que eu não ouso entender de mim mesma.
Não me empolgo quando vejo sua imagem, porque é ela que reflete em mim quando olho no espelho. Sinto seu colo, seu sorriso, sua palavra que me direciona em meus caminhos torpes. O único que ouço sem censura e a quem confio e fecho os olhos, mesmo que me conduza ao abismo. Talvez o abismo que me leva é feito de algodão ou vou a uma nova dimensão bem mais divertida.
Nossa amizade é tão completa que posso entender porque demorei tanto a encontrar você. Não estava preparada para me comportar  a ela, nem a ser evoluída o suficiente para me superar. Cada movimento que faço é para a frente, uma revolução no mais profundo de mim, onde nem eu mesma imaginei chegar. Mas por você e com você, tudo parece ser mais fácil do que temia há tanto tempo.
O amor é transformação. Identifico a calma que reina dentro de mim e a você credito. Posso correr o mundo agora que não tenho mais medo. Posso ser eu mesma, de todas as formas, sem pedir licença. Tudo isso porque eu te amo e a paixão é apenas um adorno e não deformação.
Um amor que supera o ciúme, porque sabe de que é feito. Que ri das mazelas, porque não há felicidade sem sorrisos suaves e gargalhadas infantis. Um amor ou O amor. Tudo que você gosta faz parte de mim e tudo o que eu quero está contido em você. Eu escuto a sua língua porque é a mesma que falo, até quando ela está em minha boca.
Não vejo o futuro sem estar contigo e nem quero ver o futuro. Quero só te ter do meu lado, de mãos dadas e sorrindo, ouvindo cada canção, bebendo uma vodka para esquentar as turbinas e fazendo sexo, mesmo quando ele é renegado pela razão.
Não fuja, apenas sorria. Declaro que te amo. Então sorria. Conquistamos o mundo agora.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

AVE...



Oro aos desvalidos e insanos
aos marginais da escrita e da vida
aos injustiçados e aos que pecaram.
A todos aquelas que perderam o senso e não entenderam o limite.
Aos que sofrem por amor
e pela solidão e aos que fazem sofrer.
Aos que passam pelas arbitrariedades da vida e não vêem a luz no fim do túnel.
Aos que fazem o mal e não sabem o que é o bem.
A quem não teve um apoio e um afeto na hora certa. Talvez nem nas erradas.
Aos que não sabem o valor de uma amizade sincera.
Aos ingratos, os maltrapilhos e covardes.
Aos suicidades e os vampiros de almas.
E também a quem mente e acorvarda os fracos.

Oro aos ruins, crueis e desalinhados sociais.

Oro para quem precisa de uma luz e um conforto sublime.

Oro para que o amor um dia vença as diversidades da vida e tudo vire apenas escrita.

Remota escrita de história passada. Jamais praguejada.

OUTRA FACE



A noite tateio minha face escondida. Aquela que não sai comigo quando caminho, fica escondida detrás do espelho onde se guarda as almas angustiadas.
Visto-a para embarcar na solidão proposta. Um breu de dúvidas e dores escondidas pelo sol, mas enfim agora revistada pela minha doce face recolhida.
Eis o que sou, abandono e clausura. Fresta mofada de tédio e solidão. Aquela que não ousa dizer seu nome e nem se assumir de fato, mas que é vista nua, incrédula e desarmada, diante do espelho dos meus dias insone.

FICA...



Se for para se despedir, melhor que nem apareça. Deixa eu deduzir que você se foi e que um dia pode voltar. Não corte de mim a esperança de que não seja mais meu em algum momento. Isso me alimenta e me dá um ensaio do que é a felicidade do teu lado, mesmo que isso não aconteça.
Sofro com tua ausência mas não consigo imaginar tua falta completa. Tua imagem me faz bem na lembrança, de tantos gostos e desejos que já nem sei contar.
Portanto, se deseja ir embora de vez, cale-se. Porque eu não desistirei de você tão fácil assim.

METAMORFOSE


Já tomei tantos antidepressivos quanto minha capacidade de absorção. Tentei morrer diversas vezes como se a vida fosse barganha de troca. A infelicidade faz a cabeça dos covardes. Muitas vezes perdi o rumo e o prumo, sem conseguir controlar os instintos e as fagulhas da mente.
Minhas belas frases salvaram vidas mas afogaram a minha em tantas vezes que nem consigo contar. Não escuto minha voz nas horas de aflição.
Meu corpo é todo marcado de cicatrizes reais e imaginárias, das experiências que vivi e as quais não quero apagar. Olho para todas elas sem sofrimento, apenas como ensinamento. Porque a dor é um livro da vida ao qual não conseguimos abandonar.
A vida pega a gente de surpresa e alfineta exatamente a área descoberta, a mais frágil, aquela que nos derruba de forma quase irreversível.  Muitas vezes nem o amor consegue nos resgatar das desventuras. Mas é só ele que pode reverte-lo.
Não quero mais precisar de suporte para sobreviver as minhas mazelas. Quero chorar até perder as lágrimas, ir a penumbra do silêncio e da solidão para recuperar minhas feridas. Mas não vou sucumbir. Nunca me viciei a nada, porque não suporto prisões. Mas adoro ir até o âmago para provar o fundo do poço.
Muitas vezes, o sabor é tão amargo que vomito as argruras todas de uma vez.
O meu amor próprio é que me leva as nuvens. E é uma delicia saborear a leveza do vento batendo no rosto. Porque tudo passa. Até eu mesma passarei.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MANUSCRITO



Lembro muito do meu primeiro amor. Ou o que julguei ser amor. Bem, era amor. Da forma como os adolescentes amam, infinitamente, até o próximo aparecer. Mas eu sempre fui muito fiel as minhas ilusões e mantive firme esse sentimento por anos. Sempre foi bom sonhar com aquele menino loiro parafinado, cheio de aspirações e pouco juízo, que me causava transformações intensas na forma como eu via a mim mesma e aos homens.
Aprendi ali que em todos os relacionamentos que vivemos na vida, fica um pouco da gente e levamos um pouco da pessoa também. Lembro com infinita candura dos suspiros que dei.
Até que conheci um homem mais velho, quando estava entrando na faculdade. Ele tinha 15 anos a mais que eu, divorciado, senhor de si. Fiquei assustada e incondicionalmente ligada a ele por quase quinze anos. Acreditei que aquilo que eu sentia era o maior de todos os amores e que sem ele, nada teria mais graça, como de fato foi, em nossas constantes separações.
Aprendi com ele que o amor pode ser cruel, dependente e atroz com os ingénuos.
Decidi aloprar, beijar bocas gostosas, a ensaiar sexo casual e a me encantar, sem com isso criar vínculos eternos. Nessas aventuras, conheci o pai da minha filha e com ele tenho vinculo para o resto de minha vida.
Até que veio um carinha 15 anos mais novo que eu e carregou definitivamente todos os preceitos que eu tinha sobre o amor. Foi a paixão mais avassaladora que eu já tive e também um amor tão lindo quanto irreal. Ainda hoje lembro dele com tanto afeto que chego a chorar. 
E aprendi com ele mais uma lição importante, a de que cada amor é de um jeito e carrega consigo o seu momento e sua necessidade. Sofri por amor, desci aos infernos no mar de depressão e voltei, não sem dores e marcas. Olho a cicatriz do meu coração e nunca esqueço que sofrer faz parte para se dar um passo maior.
Então me apaixonei por um homem porque ele era apaixonado por mim e seu jeito cândido e cúmplice me fizeram musa e eterna. Mas amor alugado não rende mais que alguns beijos e lágrimas de despedida. Comigo, até boas histórias.
Entendo que a gente ama e que isso faz bem. Que alguns amamos mais, outros menos, somos correspondidos ou nem tanto, que faz bem amar demais e ser amado de menos e vice-versa, que pode ser forte até a primeira briga ou ameno até alguns verões. Mas amor é sempre uma delicia. Nada se compara aos olhos marejados, o coração pulsante e o prazer em dar prazer a quem a gente ama. A felicidade do alheio é o elixir da juventude e mola mestra da nossa própria felicidade.
Amor que se vai, amor que se vem, amor que volta sem avisar e vai sem pedir licença. 
Nenhum amor é igual ao outro, mas todos chegam porque estamos abertos a eles e conseguimos ver o que aquela pessoa tem que nos faz admira-la tanto. E nenhum sobrevive se essa admiração não vai além da beleza física, de algumas frases feitas e do jogo de interesses.
Amor vem na respiração. No olhar que não cessa. Na angústia de não saber o amanhã sem a presença simples e magnanima do ser amado.

Nunca conheci alguém tão igual a mim quanto meu atual amor e nem tão singular. Embora ele não saiba a importância que tem. Muito menos que me modifica tanto em tão pouco tempo, sem motivos para explicar. Nem reconheci outro amor pelo simples olhar, tão explicativo como anos de mestrado.
Eu o quero nas minhas entrelinhas por tanto tempo enquanto posso visualizar no horizonte. E beijar suas diferencias, discordar, fazer corar e ser simplesmente feliz, porque o faço feliz também.
Escrever histórias, poemas e frases, como de outros amores eternos que passaram em minha vida e talvez chorar pela sua perda.
Pouco sei do agora, muito menos tenho o poder de ver o amanha.
Mas sei que amor é o que eu sinto por ele.
Vida que segue...



terça-feira, 9 de novembro de 2010

SEM ESSA...



Vou gritar bem alto, para todo mundo ouvir: Eu te amo.
Hoje todo mundo se ama, derrama declarações a torto e a direita, como se fossem borrões ou cagaço a espreita de um elogio.
Eu sou contra tudo que é falso, tudo que é abobalhado de tolices e vago como saco oco. Para mim, tudo precisa ser completo, cheio, indissolúvel, intenso como meu coração vermelho carmim. Não me contento com futilidades, palavras perdidas nos paralelepipédos da última esquina de cachaça, porque quando as pessoas bebem, esquecem logo as inimizades e partem para os elogios escancarados, daqueles que jamais lembram no dia e no século anterior. Ou para os elogios de careta, cheios de intenções direcionadas, sem substancia.
Quero a verdade, sublime e leve como uma pluma e tão forte que derruma qualquer distorção.
Então se eu digo, eu te amo, suspire, é de verdade e é para você.

domingo, 7 de novembro de 2010

FÊNIX



Toda decepção pode ser fatal para mim. Muitas vezes, apenas uma palavra dita na hora que eu precisava ouvir o oposto, pode desencadear um processo daninho sem volta.
Preciso chorar, até secar e ficar inchada. Falar palavras de lamentações até me sentir a última das criaturas.
Só assim eu ressurgirei das cinzas como fênix. Onde nada parecia mais ter vida e cor, eis que a esperança e o amor próprio emergem.
Preciso sofrer para crescer.

sábado, 6 de novembro de 2010

DESISTÊNCIA



Se o tempo é pouco e urge, porque trocamos de mal?
A vida é tão breve e o amor tão mais breve ainda, meu bem...

AUSÊNCIA



Falta-me algo.
Uma frase para sempre, uma tatuagem, um ódio viceral, uma nota formidável, um amor atordoado. Um exagero talvez ou a simplicidade do toque.
O vazio que corrompe, a dor que aplaca, a angustia que cresce. ~
Defronte de mim, um sonho, um pesadelo, algo que mova a boca calada.
Uma saudade.

INVENTOS



Roubei de teus olhos fechados o sonho que inventei. Sem tempestades reais, apenas as imaginárias, pude decifrar teus olhos sem que abrisse para mim.
Saíram lágrimas deles como jorraram flores de meu amor por você.

CHEIRO



Tenho cheiro de mar em minhas mãos, para que eu não esqueça de todas as roupas que engomo. Já lavei incontáveis camisas brancas, que de tão brancas ainda restauram um pouco de anil em minhas unhas.
Prefiro lembrar do mar àquele vicio de fumaça trafegando nas narinas.
O sabão me cansa, mas esfrego com afinco cada vinco, cada mancha, lavando a camisa e a alma com a força abrupta de quem tem raiva de ser igual, todos os dias, massacrantemente igual.
Nenhuma camisa era minha, mas fiz minhas extravagâncias esfregando a alma dos outros como se fosse a minha.
As rachaduras nas mãos serviram de reflexão.

OLHOS NOS OLHOS



Eu te conheci pelo olhar.
Era para minha retina secar por olhar um ponto fixo, mas elas se encheram de lágrimas.
Nem era emoção, fiquei estatelada diante de teus olhos. Diretos olhos que me encontraram ao entrar. Foi direto para mim, nem precisou procurar. Você caminhou, mas seus olhos, imóveis, se fixaram em mim. E você, senhor de si, já sabia desde o começo da descoberta.
Senhor de si e de mim, desde aquele momento, me congelou e emudeceu. Permaneço hipnotizada, sem pressa de desgrudar desses olhos tão verdes que impregnaram a minha vida de certezas e dominios.

IMPLACÁVEL



A verdade é sempre uma só, não se apodera de lados e tendências. Ela é o que é e ponto final.
Mesmo sem tê-la defronte, ela está ali, a espreita, pronta para aparecer quando requisitada. Às vezes clara como um céu limpo de nuvens, outras submersa em um lamaçal, mas ela está ali, sempre por perto, catucando, quem não acredita nela, queimando quem a esconde.
Quem vive de mentiras, tem sempre certeza que os outros vivem também. E apontam o dedo em riste, choram em traições supostas, esquecendo que também traem, de forma mais obscena por não terem a verdade e a certeza dela ao seu lado.
Só a certeza nas mãos é que torna alguém digno de ser ouvido, compreendido, aceito. Os que não a tem, cabe apenas a imoralidade.

NÃO DEIXO IR



Você é minha música em notas perfeitas, arranjo encorpado, melodia ritmada. Minha dupla que faltava em linhas imaginárias. Uma ousadia que jamais acreditei encontrar.
É você dentro de mim. Quero deixar você ir embora, porque quer partir, mas não consigo.
Não posso deixar ir aquele que encontrei no meio do imprevisto, do nada, do antagónico e era tudo o que eu só pensei encontrar em sonhos longínquos.
Mas eu te amo, muito antes da palavra amor avistar em nossa vida, antes que eu te diga ou que eu diga a mim mesma, muito aquém de qualquer sentimento piegas que apregoa os apaixonados, sobretudo os platônicos.
Não é apenas uma combinação inusitada de sorrisos largos mas de sonhos perdidos, almas incompreendidas e amalucadas em um mundo cheio de responsabilidade que nos sufocam mas que desejamos.
Volto a estudar almas gêmeas como se hoje eu voltasse a acreditar em sua existência, só porque encontrei em você a luz que me faltava, não só nessa vida mas por toda uma eternidade.
Será que se eu deixar você ir embora, um dia eu te reencontre? Será que apesar de partir você deixará minha vida mais clara do que antes?
Talvez. Mas na dúvida, fica bem pertinho de mim mais esse século, porque não quero mais procurar o que demorei a encontrar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

NÃO TEM PALAVRAS


Falar com você deixa um frescor sereno como o céu. Se o céu existir é você. Porque adoro suas palavras, conversaria com você até fazer mais 30 anos, para renovar o assunto, mudar o vento e continuar do seu lado.
Dar as mãos e caminhar na areia, marcar nossos passos ritmados, sem ensaios, naturais. Tudo o que te envolve me interessa. Me apaixono a cada minuto mais um taco por você, como se isso ainda fosse possível.
Quero botar você no meu colo, dar de mama e fazer dormir em suas carências. Quero me deitar em você, me abrigar em seus largos braços e ser protegida como nunca fui.
Porque é isso que sinto em você, uma ausência de passado, um futuro incerto, um presente a cada segundo, e sua imagem permanente, como tatuagem ou cicatriz, na minha alma, então sem esperanças de encontrar tanto amor assim.

A felicidade doi. Está doendo dentro de mim. Escorre de dor.
O medo do amanhã me paralisa. Choro.
Silencio os múrmurios de extase para entender a dor. A dor da alegria e da maravilha. A dor que engrandece e prepara para mais felicidade, se assim me couber.

LIBERDADE





Eu te olho de frente e me parece tão esguio. Chego a esquecer que és tão alto. Chego a esquecer que isso é apenas disfarce para não contemplar tua beleza. As mulheres em volta te olham sedentas. Morro de ciumes e de orgulho de estar do teu lado, do lado de dentro.
Poucas conhecem tua beleza.
Eu conheço, eu vejo tudo o que está em tua retina e admiro cada passo que emite, como um homem translúcido, solto, livre, perpétuo.
Queria muito desvendar os motivos que nos levam a uma paixão. Talvez teus olhos me expliquem os caminhos, com tanta ternura, alegria, desvios. Beijo tua boca como se fosse morrer em seguida, para levar comigo tua boca dentro de mim, angustiada como eu, faminta e severa, forte e suculenta. Tua boca dentro da minha, dentro de mim como ninguém jamais chegou.
Como ninguém jamais chegou, nem tocou, nem permaneceu. Especial pode ser redundante, mas é tudo o que posso dizer nessas horas que queremos rótulos. E eu não quero te rotular, porque o que eu quero é poder te amar acima de todos os preceitos adquiridos no tempo. Acima de nós dois em nossa fúria da perfeição. Quero te fazer feliz.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CAMINHOS



"Esqueça o nome do seu pai e mãe e renasça em meus olhos..."
Vou sofrejar versos belos para te induzir ao acerto de me amar loucamente.
Vai, esqueça tudo o que te envolve, o teu passado, tuas dores, teus sonhos perdidos e venha até mim.
Prometo que serei tua de verdade e que o céu será cravejado de diamantes para que brilhem mais que as estrelas, defronte você.
Sou uma romantica... Eu sei, não precisa dizer. Nem pensar e nem ter pena de mim por isso. Cada um tem a sua peculiaridade e eu vejo os sentimentos com um ar cor púrpura. Uma música doce e triste, misturada com a marcha funebre das desilusões.
Você é uma desilusão desde o dia que te olhei nos olhos. Deve ser porque eram esverdeados, profundos, firmes, que olham dominando o que desejam e, naquele momento, você me desejou mais que tudo em sua vida.
Eu sabia que iria perder o sono e o rumo, mas não consegui pestanejar.
Sou sua, com toda a minha loucura e meus desejos mais simplórios de ser feliz.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

DESGOSTO



Vou apertar essa feriada até parar de sangrar. Doi mas é bom. A dor física purifica o espírito.
Quem me dera se essa tosse fosse forte o suficiente para me matar na juventude, como foi com os poetas boêmios, eternizados pela morte prematura e pelas letras belissimas.
Morrer nem sempre é um desalinho do destino. Pode ser uma benção e a eterna glória do artista.
Ora se eu não me eternizar em minha obra, ainda assim terei ido feliz desse mar de dúvidas e inconstancias agridoces.
Um brinde a dor consentida e a morte bem vinda, sem lágrimas e pauras de sua partida.
O gosto e o desgosto da morte, viva entre nós e bem aceita por aqueles que a olham com candura, como eu.

DOCE



Sinto falta de sua amizade. Pode ser que pareça servir de alicerse, no meio de minhas lágrimas sufocadas e tão angustiantes que não divido com ninguém, nem com você, mas é muito mais que isso.
Amizade serve para que a cabeça tome ares e pare de fumegar as mesmices de problemas.
Como referência no meio de nossas divagações entre o certo e o errado.
Gosto de falar com você para tentar seguir minhas próprias palavras, porque de alguma forma, você me induz ao que é certo.
Doce amiga que não está comigo nesse momento e só o que me cabe é lametar isso aos sussurros, para ver se passa essa vontade de ter teu colo.

SEM DIAS

Há dias que não sei bem o que é ter chão. Muitas vezes ele me falta na hora que olho para baixo. Minha cabeça, meio tonta, se perde com as pernas bambas de desajuste.
Não sei o que fazer nesse momento, nem onde ir, o que falar e como me defender, sem que seja com tapas.
O mundo conspira contra e procuro o silêncio para entender se o erro é meu ou se de todos ao meu redor. É fácil apontar as pessoas do nosso lado, quando não fazem o que queremos, mas muitas vezes estamos certos.
Falo outra língua, diferente da do meu convívio e meu comportamento nada tem de padrão.
Muito embora eu passe mais tempo calada e seja avessas as emoções mundanas e atitudes amplas. Ainda assim, estou fora do rumo imposto a todos.
Odeio imposições e que me mandem calar, enquanto eu sequer balbuciava um sopro.
Fujo de confusões, mas morro para defender minha cria, mesmo ela estando no erro.
Porque filho a gente dá a vida, pela eternidade.
Acho que é só por ela que ainda tenho olhos na terra e ainda sonho, acordo e tento busca-los. Só por ela ainda vejo o sol raiando e me contento em engolir as diversidades da vida. Não sei se é uma dádiva. Não sei o que há por detrás da vida. Questiono se lutamos tanto para continuarmos vivendo em vão. Será que o que há por trás é melhor? Ou será que tudo acaba? As vezes, tudo acabar é uma boa solução para esse excesso de angustias, ou escassez de desejos. A realidade é muito crua e cruel. A felicidade eternamente efêmera.
Eu sei que é por minha filha que ainda estou nesse plano. Não sei se devo agradecer ou me recolher em angústias por isso.
Só me cabe continuar

domingo, 16 de maio de 2010

MEU MUNDO



Não importa a que veio, só que veio. Não importa se teus olhos são tão curiosos sobre coisas que sinto ciumes, eu sei que estou aprendendo a superar meus limites com você e a romper com as poucas travas que ainda me amarram.
Pode ser que seja só a minha vontade que você seja definitivo e tão importante que mova meu mundo como estou no aguardo há tempos. Pode ser muitas coisas... Mas sinto nos seus olhos meigos e ressabiados, que eles estão tão conectados com os meus que não há razão que os desvie.
É você que eu quero nesse mar de tantos flertes. É você que me acalenta e acalma com sua voz suave e mascula, suas palavras tão iguais as minhas que só pode ser complementares.
É você, que me beija o suficiente para que eu vá a lua, que sinta um prazer indefinido, que seja melhor do que sempre fui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DEIXA ESTAR


Não tenho direito algum de te cobrar. Por nada nesse mundo posso fazer cobranças e impor vontades. Não somos nada além de meros conhecidos.
É verdade que seu beijo combina com o meu. Assim como nossos gostos, os hobbies, os desejos e até a profissão. Mas e dai? Você continua não sendo nada meu, nem estamos dentro um do outro em simbiose aguda.
É bem provavel que em um de nossos beijos eu tenha levado um pedaço de você comigo e você tenha um enorme taco de mim. Eu não sei muito o que fazer com as mãos quando estou do teu lado. Gaguejo também, mas tento disfarçar.
Pode ser cisma da minha parte. Eu "cismo" que você é tudo o que eu quero num homem e que você veio na hora certa e na exata medida da minha espera. Mas cisma é teimosia, dureza em encarar a realidade como ela é.
E o fato real, verídico da questão, é que você não é meu e eu não sou sua. Somos bons amigos de instantes, prováveis futuros chopes, risadas e assuntos de homem, porque sou boa nisso. É certo que vou tremer um pouco, titubear com as palavras e, se eu beber em demasia, vou te falar dúzias de besteiras que não se falariam nem em sonhos e vou perceber depois, morta de vergonha e pedir desculpa, cheia de remorsos falsos, porque no fundo, eu não levo nada para casa que não seja flores e suspiros.
Até poderíamos ser o amor um do outro, poderíamos nos conhecer melhor e certificarmos que nossas afinidades são apenas prenúncio de perfeição de almas.
Mas é melhor deixar para lá, sermos livres, ardorosamente livres, porque fica mais fácil assim.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

NO AGUARDO

Eu quero que ele ligue. E logo. Não faça tanto charme assim, seja mais eficiente. Ou melhor, mais direto. Pode até ser que ele não esteja nem ai, mas podia fazer de conta que está. Disfarce logo essa indiferença e ponha mais gás nessa história tão coloquial.
Não gosto de nada que seja igual demais, rotineiro ou pragmático. Eu preciso de aventuras, dramas, rompantes, paixão. Uma dose de calma também, lógico. Então liga logo. Diz que está com saudades, que tem vontade de me ver, que quer conversar comigo sobre qualquer coisa, de preferencia as banalidades. Isso te denotará emoção, como se eu fizesse parte de sua vida, não só nas lembranças mais essenciais, como naquelas mais tolas, como tomar um sorvete, ou assistir a um filme bem abraçadinho.
A vida é feita de pequenas felicidades e quero fazer parte de um pouco das suas.
Então liga logo, para de graça, não tenha o que fazer nesse momento em que te espero. A sua presença, mesmo que auditiva, é fundamental para mim agora.
Sim, agora, talvez amanhã, quem sabe?
As mãos já estão suadas de tanto revirar o fone e pensar que em instantes vou escutar a música que cadastrei ao teu número.
Pode ser carência. Mas prefiro dizer que é o mais puro capricho, só para disfarçar qualquer paixão.

VENENO

Meu coração está tão sufocado que doi no menor movimento. Às vezes doi respirar. Uma dor fina, melancolica, aguda, sem sentido.
Mas não tenho sentido, não tenho fórmulas, nem ganhos, nem perdas, nem palavras certas para as horas incertas.
Queria ter soluções, respostas, mas não as tenho. Por isso esmago esse coração no meio do meu pantano interno,
Queria uma mão acolhedora, um olhar compreensivo, daqueles que observam a alma e não tem pretenções de ditar regras ou apontar danos. A vida é assim, mas poderia não ser. Poderia ser melhor com a mão quente, o olhar amigio, a ausência de criticas. O caminho correto, sem tropeços.
Estou dolorida. Nem é solidão, nem rancor, nada que se acometa discórdias. Talvez seja a falta dela que me comove. Ou sua ausência sem bons motivos.
Árdua vida de silêncios súbitos, sem menção aos ruidos estridentes. O oco causa eco. O meu pranto incontido, me assusta. Que vontade de chorar que dá, por nada...
No meio de tantas pessoas, me sinto só. Falta alguma coisa, um pouco mais do tanto que já possuo. O talvez, o essencial.

quarta-feira, 31 de março de 2010

SEM SOCORRO

Gosto de revirar teus pelos e me esfregar assintuosamente em sua natural ranhura.
Amo barbas.
Dá a alcunha de homem ao mais ardoroso bebê. As suas são soberbas, ausentes de humildades. Loiras e rudes, contrapondo-se a sua doce expressão. Imponhe-se em seriedade, sua sensualidade evidente.
_ Como é belo esse homem.

Tão belo que tocar pode ser blasfêmia. Mas não meço a língua em torno de teu dorso nu e nem em partes menos públicas. O prazer incondicional se perpetua e apaga num instante, todas as travas.
Fico em transe, quase perpendicular.

Tua barba única me comanda, mesmo que eu finja não arriscar.

FINITO

Não quero rever o passado. Por favor, deixa ele quieto lá atras, sem lembraças ou detalhes. Não quero ver os caminhos e os sonhos de antes, nem sentir o teu cheiro tão forte. Ele agora irrita minhas narinas e o gosto de aniz ainda está dentro de minha faringe.
Te ver, vá lá, ainda dá. Forjarmos uma amizade e até tomarmos um café. Mas não destile a continuação de tudo o que planejamos, com outra pessoa. Não te quero mais, isso é fato, mas ainda doí lembrar de todos os meus sonhos quase complementares a você.
Deixa tudo de lado, mas não esqueça de ontem. As marcas ainda estão lá e não se curam.
Não insista, é melhor parar de bater a porta. Ela se cerrou para você..

quinta-feira, 11 de março de 2010

O HOMEM DO ANO


Você tem uma moral daquelas. Num simples olhar eu já me debrucei diante de ti, entregue sem conseguir disfarçar.
Mas eu até que demorei um pouquinho, fiz meu charme, andei em circulos... Bastou você falar comigo que eu não conseguia juntar as palavras e construir uma frase com sentindo. A melhor parte foi quando fomos beber uma cerveja, para eu conseguir disfarçar meu abrupto vazio mental.
AI a paixão... Ela acontece em segundos, num piscar de olhos, numa palavra certa. Com a pessoa certa, bem verdade, mesmo que ela seja completamente errada. Coisa que você não é.
Eu queria ter ido para cama com você depois de vários encontros e te enrolar bastante para que se apaixonasse mais que eu e assim eu pudesse ter o controle. Mas teu peito tão perto do meu e sua boca tão quente...
Se a perfeição existe, então é você. Pelo menos agora, que estou vidrada em sua voz. Pelo menos até que eu veja que tens uma verruga entre os dedos dos pés ou mal halito quando acorda... Será que ronca?
E desde quando isso seria predicado para eu deixar de me apaixonar?
Ah doce homem das cavernas! Delicado, gentil e másculo. To apaixonada por você.

terça-feira, 9 de março de 2010

CHAVES



Não gosto de pessoas muito modestas. Ou não sabem seu devido valor ou são hipocritas.

NA PONTA



Eu e o branco do papel estamos quites, em espaço e vento. As palavras me escapam e eu as perco em revoadas de pássaros. Elas escorregam e eu as deixo ir.

Quero a palavra certa, aquela escondida no fundo da garganta, aquela que fica no fundo do coração doida para sair mas tem vergonha .





QUANDO COMEÇA


Sem despedida. Não diga nada e vá. É melhor que isso aconteça sem o menor movimento possivel. Porque qualquer despedida doi, até mesmo a mais desejada, de alguma forma, arde.

E você já deu o bastante. Já ardeu, já cortou, já deixou cicatrizes suficientes para mais uma provocação.

Agora vire pó. Como cupim, vire pó.

VESPERTINA


Eu quero bravejar uns palavrões bem possantes, até que eu fique rouca. Vou perguntar uns novos para meu sobrinho, como todo adolescente ele sabe muitos. Acho que os meus não passam de adjetivos inocentes.

E você precisa dos mais pesados, daqueles bem cabeludos que se tem vergonha de pronunciar.

Eu tenho vergonha de você, como dos palavrões, como da alça da minha blusa soltando e de andar descalça porque o salto quebrou.

Vergonha, constrangimento, sei lá. Só sei que estar perto de vc me dá medo, porque eu posso não ser eu em algum momento e não ser eu é terrível sinônio de impropriedade.



Mas ver você me dá tremor na perna. Queria dizer que é de raiva, mas está longe disso..
E você está muito longe, inclusive.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

DECEPÇÃO NÃO MATA, ENSINA A VIVER


Desata esse nó... Quero te ver de frente. Olhar teu olhos, não de fora, mas de dentro. Captar o que há por dentro mesmo, no amago de tua estupidez.
O que choro não é o ato, mas o que te move. O amor que te dei por tanto tempo, em vão, como se fosse um cumprimento qualquer no meio da praça, como se fosse um timtim, superfluo e remoto.
Tudo em você é assim, meio. Meio amigo, meio amor, meio sexo, meio vida. Uma passagem subentendida, nas entrelinhas e sem marcas, que só deixam um borrão que saem na chuva.
Colhes o que plantou no meio do teu caminho... Eu lamento que tenha sido fel.

METADE DE MIM



Eu preciso de sol no rosto, para arquear um pouco da pele para cima e dar-lhe novas nuances.
Eu vou caminhar para esquecer que amo você, apenas pelo fato de ter vergonha desse amor.
Vergonha... palavra tão triste e tão fora de mim que me assusto. Tenho vergonha de te amar, como pode isso?
Tampe sua boca aos esboços de meu nome. Não seja tosco, não me difame! Olhe para o sol... Se afine a ele para reverter tua alma tão cinzenta, em belos lírios nos campos verdes.
Quanta malicia em teus olhos! Desatine esse nó e siga. Porque é assim que meus dias se fazem claros, é assim que quero lembrar de teu amor.

Metade de mim é para você. A outra metade eu deixo ao vento.

SEM TITUBEAR






Amigo não é aquele que racha gasolina, paga o taxi e o chope ou empresta uns trocados. Nem o sujeito que ouve seus soluços de amor perdido.
Ser amigo é uma missão, sem nenhuma garantia de sobrevivência, muito menos seu dinheiro de volta, quiça o tempo perdido. Um casamento livre, porém cheio de responsabilidades, como são todas as relações.
É o amor sincero, sem os clichês de modismos e com o respeito profundo pela combinação de diferentes.
Ser amigo é entender essas diferenças e aprender com elas. Ceder e avançar, dar colo e bronca, ser pai ou filho, sempre revezando, se possível. Às vezes parece que damos menos, ou mais, mas tudo é uma questão de ponto de vista.
Ser amigo é jamais fazer chorar propositalmente, a não ser de alegrias. Não trair a lealdade e a confiança doada e mesmo na mais alta ira, perdoar.
Ser amigo é amar, sem remediar.

NADA



Tem hora que tudo perde o sentido, a direção, o motivo, a cor, o brilho, o sabor, a substância, as palavras, até o silêncio se torna remoto. Tem hora que a mente suplica uma saída e não acha, uma justificativa mínima para o estorvo. Um pedaço de morte onde tudo vire breu, já é um recomeço.
Pode ser.
Meus dedos enrigessem nesse mar de angustia que meu coração se enfurnou e que não consegue sair. Talvez não queira.
Melhor ser obliquo.