quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Por tanto, por enquanto.



Eu assumi o aspecto do amor e degustei a ambrosia dos sonhos. Tenho 220 rimas sobre a mesma palavra e as correntes de aço jamais me impedirão de seguir meus desejos.
Sou uma mulher simples, alada e branda e tudo o que tenho a dizer pode caber no silêncio.
"Eis uma consumação ardentemente desejável"...
Ser inteira ou me perder nas ondulações do vento? Defronte ao vazio, exponho uma lágrima de angustia. Uma quimera embebida de vinho tinto. Um copo derramado e os cacos que cortam meus pés.
Vinho tinto e sangue mancham minhas asas brancas como nuvem, mas ainda assim serão asas eternas.

Um dia a ternura se apossará de mim como um roupante, de tal forma que nada possa mudar o seu rumo. De tal jeito que meus trancos ríspidos sejam suaves como pés de bebes.  E o amor, em pleno frescor de sua forma, seja sinonimo de mim mesma.

Por enquanto divago. Sem fim ou sem esmo. Mas sempre.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Em pedaços me corto.


Em formatos me torno.

Em cacos me espalho.

No texto a forma.

Na letra a idéia.

Na palavra, eu.

Dilacerante Difame Distante:

Eu.




sábado, 17 de outubro de 2009

FATO





O que você quer de mim? O que pensa que está fazendo quando me beija daquele jeito e me deixa mole nos seus braços?
Você vai embora e eu permaneço, sem você e sem prisma. Sem meu juizo perfeito, sem a dureza das pessoas sensatas.
Quer dizer que me domina? então já disse, é fato. Me tem em suas mãos. Seus olhos penetrantes me aprisionam e sou incapaz de pertencer a outro homem.
Mas e o que me resta agora? A possibilidade e o talvez. Logo para uma menina tão ansiosa, que busca o céu sem limites e as palavras incontáveis. Um homem que me detém sem promessas, apenas as vãs, como as dos mentirosos...
Eu vou jogar seu jogo, mesmo que eu perca, pouco importa, mas não vou me entregar tão fácil.

QUE BOCA!



Que boca é essa que me beija, um beijo tão meu que parece cópia. As voltas dessa língua, permeando as linhas da boca mais recolhidas.
Meus lábios saem macios, insaciáveis e úmidos.
Quero tua boca toda, de dentro pra fora, multicolorida, cheia de sabores sublimes, que me convertem a ternura e a lúxuria, em movimentos inconcretos.
Me falta o ar e meus corpo não corresponde a lógica.
Mas para que lógica? Na tua boca, minha então, o mundo está perdido e eu, muito mais.

POEIRA



Eu preciso de sol no rosto, para arquear um pouco da pele pra cima e dar-lhes notas mais suaves.
Eu vou caminhar para esquecer que amo você, apenas pelo fato de ter vergonha de amar você. Pela vergonha, de você ter vergonha de me amar.
Tampe sua boca aos esboços do meu nome. Não o fale, sussurre. Não demonstre sua fraqueza. Não seja demasiado tosco diante da humanidade. Seja apenas poeira, que incomoda os olhos e os mareja. Que arfa a voz e transcende os cabelos. Um incomodo comum.
Tão comum quanto você é. Que aos meus olhos, está em outra dimensão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

CANDY



Eu tenho vários na fila. Não estou morta, o tempo urge, a felicidade passa rápido demais, então eu me permito ser amada, objeto de desejo, ansiada pelos mais variados tipos masculinos.
Adoro ser querida, que mulher não gosta? Minha auto estima está sempre lá no céu.

Mas eu amo uma única pessoa, que é capaz de destituir toda a glória das requisições. Torna tudo tão banal e impróprio, que me envergonho da luxúria. A impáfia se desfaz e se torna medo. Daqueles medos de não ser tão perfeita, tão interessante, tão completa quanto se deveria. De ser pouca, quase nada. Um único homem, monstro torturante da insegurança.

Ah o amor, doce amor de confeitos de bolo, impregnantemente desagradável quando fora da geladeira por muito tempo. O doce se torna azedo muito rápido.

BEBADA




Gosto de tudo o que arde, mesmo que não seja em mim. Sou assim, desprovida de consenso e sem medidas.
Nada que seja pré-estabelecido me seduz. Fico incomodada com tudo o que aperta, até o nó na garganta. Por isso choro fácil, não suporto prisões.
Minha saia rodada gira como o mundo. Não caio com a tontura, designo o tempo a cair com as tentações.
Adoro todos os pecados e faço deles minhas fontes. Sou intensa e ardo, constantemente, sem precedentes, sem dogmas.
Para quê o controle?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PAIN




O fim só é real quando dói. Sem dor, tudo é possibilidade.


A dor causa uma sobriedade distinta, que me obriga a ver a realidade sem os laços cor de rosa.

A dor real não tem piedade, ela corta. Todos os vínculos e vícios e não escolhe a hora. É aquela e pronto.

Preciso da dor, ela me deforma. Ele me torna mais crível. Menos rasura.

OPACA



Olho no espelho e encontro uma mulher. Nem bela nem feia. Eu mesma, defronte minha visão pragmática.


Admiro minhas linhas, até mesmo as tortas, pois fazem parte de mim mesma. Cada uma tem sua história e as separo em capítulos de minha vida tão intensa.

Não tenho vergonha de meus quilos a mais, de minhas torções de identidade, de minhas marcas enraizadas, dos fios brancos que reluzem e se destacam.

Essa sou eu. Vida bem vivida e aberta para muitas outras estações e novas marcas.

Meu coração sangra e minhas mãos gelam.

Mancho o espelho e minha imagem de vermelho.

Incandescente. Como tudo o que será.

SEM CONTROLE



Ele é um carioca, pleno de sotaques e formas, que me reverte em desvarios em seu corpo tatuado. Ele tem gosto de sal e uma pele bronzeada, que incandesce meu corpo em desejos até então desconhecidos.


Meu corpo se arrepia com sua gíria perfeita, bem sussurrante em meu ouvido e por um momento sou dele, tão completamente que perco o siso.

“Ah, puxa meus cabelos...”

Ele perpetua o prazer sem que eu consiga mensurar as intermediárias.

Com ele não tem meio, só inicio e fim. Sem perdas, só intensidades. Sem dores, a não ser as estabelecidas e necessárias. Estala os dedos e posso ser dele, irremediavelmente dele, no sexo perfeito, na loucura mais intensa, na sandice mais incontrolável.



E para que encontrar a razão?

sábado, 3 de outubro de 2009

VOAR



Perolas e porcos, lamas e fragatas. Comum como quem morre. Sem preces ou fé, soberba e venenosa. Laciva e impregnada de asco pelo rancor e o amor destratado.


Um pulo, um salto e, ops, o abismo!

Saltar dele pode ser apenas uma opção, para mim é delirio.

Navegar em ar como pluma, como se as nuvens fossem flocos de ondas batendo em meu rosto e o ar não se permite entrar pelos pulmões.

O vento me carrega mais veloz que o imaginário, para o chão firme e duro. A realidade dolorosa e cruel que me corta os pulsos.

Meus olhos vagueiam em um foco certo. Tudo disforme, embassado até. Lágrimas caem desordenadas e entopem meu nariz.

Pode ser o sangue que fraqueja minha respiração. Meus pulmões sem vento, escorre em veias entupidas de memórias.

Apague já essas desgraçadas memórias!

A cabeça está ferida de tanto bate-la na porta. Quero que rache para apagar tudo o que nela persiste.

O abismo, esse despedicio. Se eu salta, ganho a eternidade. Se ficar as memórias me corroem.
 
Doce duelo...

MEU SANGUE

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Queria te dar uma poção mágica, para que seu melhor lado ofusque o do veneno. Para que seu coração se abra em pétalas e que a frieza de teus olhos seja apenas parte de uma máscara.

Mas te dou minha alma, ou em menor porção, meu coração. Porque te amo e receber seu asco pode ser uma espécie de dever.

Não sei porque te amo, mas minhas pupilas não enxergam homem mais belo. Mesmo que seja comum, ainda assim é belo demais diante de mim.

Queria morrer a ter que chorar de saudades, pelo homem que tem a sordidez de me fazer mal.

Vou te esquecer, de verdade. Tá doendo agora e eu preciso de ar. Vai doer mais ainda, talvez eu não suporte, mas um dia vai sair.

Acho que vai, vou fingir que vai.

Um dia vou acordar sem lembrar do teu cheiro e nem sentir tua presença. E não farei nenhum plano e meu coração não saira pelos olhos e imundar minha vida.

Mas hoje não consigo. Dramatizo o amor não concreto, porque não vejo saída. Não escuto conselhos, muito menos a razão. Teu desenho desafia a ciência e não ignoro.

Preciso de você porque faz parte de mim. Se perpetua em meus gestos, nos meus sonhos e incomoda meus dentes.

Eu te amo. No escuro e no tato, ao longe e aos tapas, improvável. É você que quero. Meu alimento, meu ar...

Mas vou te esquecer, prometo.

TÁTIL




Uma criança.
Não pelos anos a menos, mas pelos gestos.
A condição de vida a que se submete.
As tolices em que ainda acredita com paixão.
A não me aceitar em sua vida, em forma de birra, batendo os pés e pleno de orgulho para não dar o braço a torcer que me ama, mesmo que não saiba o que venha a ser amor.
Vou te dar colo e acalmar teus ânimos.
Com crianças, só o amor prevalece.

PRECISO


Me abraça forte e me conforta. Meu amor, meu amor. Vou me perder em teus pelos, sem que me atice o sexo. Vou me banhar em teu dorso, porque para mim tu és água.




Deixa eu respirar...



Sem ti eu sufoco.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TERMINAL



Vou começar meu caminho pelo fim. De você não quero migalhas. Sem promessas, sigo em frente, deixando as falhas para trás. Prometo que não vou te querer mais em minha vida, como tão pouco o que tem para me oferecer. Não tenho medidas do amor que sinto por você, então é a hora de ir, sem dizer adeus, para não chorar com despedidas.