quinta-feira, 10 de julho de 2014

Feliz Aniversário





Essa sindrome de Peter Pan me assola nestemomento Será que me tornei uma “cocotá”, como eram chamadas as senhoras quarentonas, que se vestiam como meninas de 18? Em partes, muitas vezes acho que estacionei nos vinte e sete, trinta anos e continuo me sentindo uma menina, recém saída da adolescência e prestes a encarar o mundo real.

O que sempre foi depreciativo na sociedade, eu vejo como libertador. Chega dessa coisa de envelhecer e colocar uniformes da idade,  criar posturas  padronizadas para impor uma severidade que condiz que a responsabilidade dos anos. Estamos num tempo que as pessoas de sessenta aparentam quarenta facilmente e isso é uma dádiva. Desejo que daqui há vinte anos, elas aparentem vinte a menos, porque envelhecer pode ser só adquirir mais experiências, não necessariamente ficar mais velho.

No alto dos meus 43 anos completados hoje, tenho amigos de vinte anos que dão sorrisos e tem dúvidas como os de sessenta. Chega dessa petulância do elixir da juventude e do ouro da experiência. A vida corre para todos e se não soubermos vivê-la, ela passará de forma cruel, coberta de frustrações e dogmas.

Eu quero viver minha ranzinzice sim, como também quero beijar os novinhos que estão por ai. Quero saber que meus cabelos brancos existem e só os camuflo porque o branco me “engorda”. Estou, de fato, melhor hoje do que ano passado e mais ainda do que há dez anos. Muita coisa não é mais um mistério ou um drama e isso me tira um peso grande das costas.


Eu tenho hoje a leveza da juventude e não aquela “velha vontade de mudar o mundo que eu acabei de descorbrir”. Se eu conseguir me mudar, terei feito algo grandioso. E se eu melhorar meu microcosmo, serei ainda mais feliz.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Busca



Antes eu buscava os desajustados, livres, ásperos, sem fronteiras, escorregadios. Depois passei para os românticos, aventureiros, curiosos, divertidos.


Hoje só quero um que encaixe. Não precisa de nenhum adjetivo pré-estabelecido. Basta vir, de coração aberto.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Grilo




Eu não sofro por abstinência de sexo, mas de amor. E estou naquela entressafra que não sobra nem galã de cinema ou novela para fazer meu coração acelerar.

Às vezes, ouço uma música bem romântica, daquelas que se ouvia na madrugada com voz grossa de locutor de fundo, só para chorar e suspirar. Mas chorar e suspirar sem nenhum amor para se imaginar, desejar ou sofrer, não tem a menor graça.

Minhas bochechas estão gélidas, pelo tempo que não aquecem de timidez e emoção. Minha expressão está nitidamente apática, sem aquele viço de pessoa apaixonada. Até meus cabelos estão opacos, sem terem motivos para balançarem ao vento.

É tanta gente que não encaixa que tem uma hora que o coração cansa. Não tilinta por nenhum homem, mesmo o mais abastado de beleza. Afinal, pra que beleza se o conteúdo não satisfaz? E pra que tanto conteúdo se não existe um charme que faça o desejo estremecer?

Não adianta forçar, senão ele acaba ficando vazio, e neste dado momento da vida, as exigências são demais e deveras insatisfeitas. Não basta aparecer alguém, como se não existisse muitas opções, agora tem que ser “o certo”.

O certo imperfeito, claro. Porque de perfeição basta o tédio da espera, a chateação da solidão. Muito perfeito parece de plástico, sem o tempero que os vícios proporcionam.

Cadê esse errado que encaixa? Esse torto que entorpece?

Talvez nos meus sonhos.... talvez perdido a minha procura...


A esperança é o verde que dar cor nos campos cinzas da descrença.