segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FAT GIRLS



Eu sou maior e não inferior.
Isso eu penso o tempo todo quando escuto piadinhas sobre as gordas e gordinhas, como se elas fossem um bicho diferente e pouco merecedoras de afetos e galanteios. Como se um corpo fora do convencional, do padrão estético pré estabelecido pela moda, fosse feio, estranho, amorfo e as meninas portadoras dessa deformidade fossem ets a serem excluídos.
Todos ou quase todos os homens já sentiram desejo por uma gordinha ou tiveram fortes emoções ao seu lado, mas escondem da sociedade com receio de serem banidos pela sua suposta má escolha.`
Passei parte da minha vida ouvindo piadas e sendo inferiorizada por isso. Em dado momento, antes que eu recebesse algum tipo de "bulling", eu já me colocava como a desinteressada em qualquer desejo de alcova e abria espaço para as magrelas e fazia os rapazes tirarem o peso de me rejeitarem. Isso durou até o processo final de minha adolescência, onde redescobri minha vaidade e passei a perceber minhas belezas e, o melhor, a ser reconhecida por elas.
O amor ajuda muito nesse processo, porque ele vê o belo da forma sublime e pouco efêmera. Ele ama, simplesmente.
Mas assumir sua forma diferente é um processo talvez semelhante a assumir sua sexualidade homossexual. Tem que ter coragem, ser rejeitado e ter que conviver com piadinhas sem graça.
Com o tempo a gente aprende que a beleza externa é tão efêmera que sucumbe fácil ao tempo. E não há nada mais belo que uma pessoa se amar e assumir suas condições, independente do que a sociedade insiste em perssuadir como errado.
Afinal, os cegos, os altos, o anão, os negros e tantas outras diferenças são ponto de referência na rua e apontados com errados e dignos de pena.
DIgo não ao menosprezo por qualquer exemplar da raça humana. DIgo não ao preconceito e as formas veladas de se ridicularizar alguém.
Dou espaço no meu coração para entender o que o outro tem de mais belo, aquela beleza que só salta aos olhos de quem vê sem pudor.
Enquanto a mim, gordinha ou magra, continuo sendo a mesma pessoa. E vou te dizer: eu me amo demais e sou gostada ao extremo e quem não gosta, tudo bem, posso não gostar de você também e ai reina a democracia.

domingo, 19 de dezembro de 2010

FORCA



Não tenha medo de mim, não se afaste de mim, não mordo, só se quiser e de leve que é para não machucar. A não ser que queira lembrar de alguma marca minha, então eu deixo os dentes ou riscos de unhas.
Vou onde me permitir ir, talvez sempre tentando ir além, mas estarei sempre no seu controle, para não ir longe demais e estragar tudo. Porque tenho essa mania de estragar quando a coisa está ficando perfeita. Parece que não aceito as coisas boas, que tenho pavor de conseguir o que desejo, então vou lá e chuto o que construí com tanto suor, só para chorar e sofrer.
Não vou chutar nada, vou esperar e seguir o caminho que aparecer para mim. Tenho calma agora, estou em paz. Quero você como nunca quis um homem, mas ainda assim sinto uma paz que nunca senti. Não pode ser inércia.
Eu estou sempre do seu lado, mesmo que não me veja. Talvez se respirar mais fundo possa sentir o meu cheiro e se fechar os olhos ouvirá minha voz sussurrando em seus ouvidos, que te amo mesmo quando erra.

Não me escape, não se afugente. Acalme-se.

Minha corda não apertará o seu pescoço. Minha prisão tem as portas abertas porque você sempre será livre para me escolher cada dia de sua vida ou optar por outros ventos.
No seu mundo tão colorido, falta-lhe algo além das danças, dos novos-mesmos sabores, da galhardia da eterna juventude, você não tem a mim, sua companheira de estrada, seu ouvido e sua palavra, o olhar que tudo diz, o gosto que é idêntico, os sonhos que são gêmeos, o afeto pulsante e ininterrupto.
Nenhuma bela perna, por mais bela que ela seja, tem o odor dos meus cabelos quando estão nas suas mãos, nem o sexo de encaixe que revigora nossa alma. Nenhuma mulher tão perfeita e bela tem o meu sorriso quando estou com você.

Sou seu lado que falta. Comigo seu mundo fica completo e não há dor maior que supere esse amor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

SORRATEIRA



Chegou dezembro, calor quase infernal, chuvas surpresas, peles já bronzeadas, muita água, hidratante e protetor solar, show na praia, filmes de sucesso, presentes de natal, correrias no shopping, abraços fraternos e nem tanto, amigo oculto, champanhe e peru, sonho de crianças, calcinha vermelha, melhores votos, correria, papel picado, 13o salário, emoção e solidão, férias...
Chega. Só volto ao planeta depois do carnaval, mas leva uma cerveja pra mim, por favor.

MEDO, MEDO



Eu sei, não tenho que ter medo, mas tenho.  Não é sempre, mas tem hora que não dá para controlar. Dá um aperto que me sufoca, tenho vontade de gritar. Sair correndo, largar tudo, abandonar o barco, esquecer.
É difícil superar o medo sozinha, com você a distancia me dando mais material para o pânico. Às vezes me dá a mão mas é sem compromisso.
Fico sozinha, estatelada e sem reação. Não sei bem o que fazer nesses momentos de evasão.
Eu só queria seu colo, mas tenho medo de perde-lo, então ele me escapa.