Essa sindrome de Peter Pan me assola nestemomento Será que
me tornei uma “cocotá”, como eram chamadas as senhoras quarentonas, que se
vestiam como meninas de 18? Em partes, muitas vezes acho que estacionei nos
vinte e sete, trinta anos e continuo me sentindo uma menina, recém saída da
adolescência e prestes a encarar o mundo real.
O que sempre foi depreciativo na sociedade, eu vejo como
libertador. Chega dessa coisa de envelhecer e colocar uniformes da idade, criar posturas padronizadas para impor uma severidade que
condiz que a responsabilidade dos anos. Estamos num tempo que as pessoas de
sessenta aparentam quarenta facilmente e isso é uma dádiva. Desejo que daqui há
vinte anos, elas aparentem vinte a menos, porque envelhecer pode ser só
adquirir mais experiências, não necessariamente ficar mais velho.
No alto dos meus 43 anos completados hoje, tenho amigos de
vinte anos que dão sorrisos e tem dúvidas como os de sessenta. Chega dessa
petulância do elixir da juventude e do ouro da experiência. A vida corre para
todos e se não soubermos vivê-la, ela passará de forma cruel, coberta de
frustrações e dogmas.
Eu quero viver minha ranzinzice sim, como também quero
beijar os novinhos que estão por ai. Quero saber que meus cabelos brancos
existem e só os camuflo porque o branco me “engorda”. Estou, de fato, melhor
hoje do que ano passado e mais ainda do que há dez anos. Muita coisa não é mais
um mistério ou um drama e isso me tira um peso grande das costas.
Eu tenho hoje a leveza da juventude e não aquela “velha
vontade de mudar o mundo que eu acabei de descorbrir”. Se eu conseguir me
mudar, terei feito algo grandioso. E se eu melhorar meu microcosmo, serei ainda
mais feliz.