terça-feira, 23 de novembro de 2010

METAMORFOSE


Já tomei tantos antidepressivos quanto minha capacidade de absorção. Tentei morrer diversas vezes como se a vida fosse barganha de troca. A infelicidade faz a cabeça dos covardes. Muitas vezes perdi o rumo e o prumo, sem conseguir controlar os instintos e as fagulhas da mente.
Minhas belas frases salvaram vidas mas afogaram a minha em tantas vezes que nem consigo contar. Não escuto minha voz nas horas de aflição.
Meu corpo é todo marcado de cicatrizes reais e imaginárias, das experiências que vivi e as quais não quero apagar. Olho para todas elas sem sofrimento, apenas como ensinamento. Porque a dor é um livro da vida ao qual não conseguimos abandonar.
A vida pega a gente de surpresa e alfineta exatamente a área descoberta, a mais frágil, aquela que nos derruba de forma quase irreversível.  Muitas vezes nem o amor consegue nos resgatar das desventuras. Mas é só ele que pode reverte-lo.
Não quero mais precisar de suporte para sobreviver as minhas mazelas. Quero chorar até perder as lágrimas, ir a penumbra do silêncio e da solidão para recuperar minhas feridas. Mas não vou sucumbir. Nunca me viciei a nada, porque não suporto prisões. Mas adoro ir até o âmago para provar o fundo do poço.
Muitas vezes, o sabor é tão amargo que vomito as argruras todas de uma vez.
O meu amor próprio é que me leva as nuvens. E é uma delicia saborear a leveza do vento batendo no rosto. Porque tudo passa. Até eu mesma passarei.

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