segunda-feira, 30 de abril de 2012

EGO





Meu ego fala muito alto quando tenho vontade de ouvir o silêncio.

_Fique quieto! – eu clamo e não adianta.

Ele insiste em me puxar pelo pé e ser soberbo e maior que eu mesma.

Esse tal de ego sabe ser um chato. Ele não me deixa engolir a seco as provocações e me faz lutar para impor minha verdade e, invariavelmente, me deixa em maus lençóis.

Ele não é domado, não se aquieta no silêncio, não escuta ninguém. Ele vai e vai e vai. Se enche de ar e segue pleno, sem olhar aos lados, empurrando quem estiver a sua frente.

Depois sofre, quieto e soluçante, num canto qualquer, se sentindo muito injustiçado pelo mundo.

Tolo que é, não sabe escutar. E nem perceber que o mundo real é cruel com quem é livre e age pela sua própria cabeça. Que a porrada começa quando ele quer ser ele mesmo e ponto, sem se influenciar pela ingrata maioria.

É apontado, subjulgado, invalidado e posto a prova, porque ousou ser do contra. Que importa as belas filosofias que prega, se elas, na prática, são contrárias aos vícios da humanidade? Se ele mesmo é também tão defeituoso quanto os outros a quem critica?

Doce ego, cale-se! Pare de se mostrar, todo exibido, admitindo suas belezas e feiuras. Deixe de ser tão indelicado, tenha modos!  Não me meta em polêmicas, exposições. Deixa eu conviver com minha hipocrisia segura, para não me machucar mais.

Vá de retro seu ego safado!

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