quinta-feira, 4 de outubro de 2012

SUFOCO




Estou tonta. Você me deixou tonta. Há dois, três dias, nem sei, cada dia mais tonta. Eu sei que eu permiti, mas não tive escolha, estou no meio do teu furacão interno e minha cabeça roda e embaraçam meus cabelos. Queria que fossem só os cabelos desalinhados, mas meu corpo treme de medo de estar ai.
Medo. Preciso sair, meus pés estão cada vez mais escorregadios e a firmeza das minhas pernas vão se perdendo com a força do teu vento. Me tira, não me deixa ficar, por favor. Essas tempestades acabam comigo, destroem meu vestido e mancham minha alma, meu coração não está mais resistente as trovoadas e raios. Ele está frágil, mínimo, quase um botão arranhado, meio fragmentado em pedaços de pele descascada.

Queimado. Torto até, como meus olhos esquivos. Estou lenta. Quase desesperada, mas ainda encontro uma nesga de razão, capaz de olhar um fiapo de fuga, para te espiar ao longe, em sua tormenta psicodélica, onírica, irreal.

Já respiro melhor, mas meus olhos marejam. Quero te dar as mãos e te puxar daí, mas não posso. Esse tufão é teu, é só você quem pode acabar com ele. E dói ver o quanto sofre, mesmo quando ri, ainda tem dor entre seus dentes, amargura em tuas risadas, dúvidas em suas certezas.
Esquece tudo isso, sai daí. Vem comigo, eu sou real. Estou olhando você, do teu lado, respirando no teu compasso, sonhando os teus sonhos, desejando o teu desejo, porque somos iguais. Sim, somos iguais e eu sei muito bem o que se passa ai dentro de você. Juro que sei, me deixa te ajudar, me dá tua mão. Me abraça, seja meu. Não diga nada, só respira comigo até sentir vontade de me beijar. Até suas mãos pararem de tremer, até suas narinas se prepararem para se envolver com meu cheiro, aquele que você gosta, que te trouxe pra mim, cheiro de menta, de frescor.

Apaga a luz e vem dentar do meu lado de conchinha, porque agora você vai sonhar comigo e quando acordar, minha cabeça permanecerá pendente em teus braços agora dormentes e em momento algum fugirei de você.  

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