quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PERDI O TEMPO




Perdi a hora, não sei mais onde ela está.

Trabalhar em casa tem dessas coisas. Larguei os cartões de ponto pela liberdade do meu lar e virei prisioneira do compromisso. Quanto mais eu trabalho, mais eu tenho e isso acaba virando uma obsessão, um desespero quase injustificável de trabalhar e trabalhar e trabalhar...

O ânimo está indo direto para o tal do Beleléu. O corpo, sedentário, aspira cuidados. Os desejos, esquecidos para depois. E a máquina do tempo, atroz, vai ceifando os meus minutos sem dó e nem piedade.

É como uma terapia. Todos os dias, procuro ler partes do meu livro, desligar todos os aparelhos eletrônicos e meu celular não tem acesso a internet. Ouço música, converso com os amigos, falo generalidades, jogo qualquer coisa que me entretenha por alguns momentos. Ainda falta muito para me aproximar do saudável, como caminhar diariamente, por exemplo, criar horários fixos de trabalho em casa e a cada vez mais, trocar menos o dia pela noite. Mas se fosse fácil eu já estaria lá, fazendo o certo e ainda um pouco mais.

Mas é verdade, que nada disso seria tão obsessivo, não fosse uma pontinha depressiva me rasgando por dentro. Daquela saudade de alguma coisa que não tive, do sonho perdido, do amor fracassado, das dúvidas do futuro, do clima hora pesado de problemas sufocantes. Depressão de não ter o controle do tempo, de que tudo agora parece ser mais desgastante que antes, uma força muito maior para se mover, lutar, desejar, querer...

Essa geração eletrônica é louca, triste, solitária e gorda. Saudades dos meus velhos tempos em que não existia celular e o papo era feito pessoalmente, olhos nos olhos, sempre carregados de verdade e humanidade.

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